Quando chegamos um menininho me pediu dinheiro para ele comprar uma das bicicletas...
Comecei a descarregar o carro e a Márcia me falou que os guris que rondavam por lá já tinham roubado 2 tênis das sacolas....
Quando voltei para pegar mais coisas no carro, o menino continuava lá e disse que me ajudaria com as sacolas para eu dar algum dinheiro para ele comprar a tão sonhada bicicleta...
Porém, eu fiquei com medo do guri sair fugindo com elas... e disse que não precisaria e, quanto ao dinheiro, eu iria pensar...
Ainda no automático, retornando ao carro para buscar mais tralhas, meio atordoada com o frenesi dos compradores atacando os produtos e todos nós tentando separar e arrumar as coisas, vi o tal guri, ainda do lado do carro, em prantos... ele chorava e gritava dizendo que o cara tinha batido nele....
Daí que eu entendi, o cara (aquele que chegou primeiro e estava grudado nos eletrônicos) tinha batido em todos os guris que estavam por ali, pois ele escutou a Márcia dizer que eles tinham roubado os tênis.... Me deu uma dor no meu coração de ver a cena do menino chorando.... Um choque de realidades me paralisou e injetou em mim uma sensação de impotência perante a ?Lei da Rua?....
Depois desse episódio um dos tênis roubado apareceu e os pivetes, que realmente estavam ali para roubar, desapareceram...
Tomei meu posto entre os utensílios do lar e comecei as atividades...dali um pouco volta o menino... eu já estava pronta para dizer que não tinha nenhum dinheiro quando ele me mostra a mão cheia de trocados e me pergunta se aquilo dava para comprar a bicicleta....ele tinha apenas uns R$12,00 e a bicicleta custava R$30,00.... Percebi que o menininho era tão pequeno que, ainda, nem sabia contar.... disse a ele que deveria ter mais 2 vezes aquela quantidade, que ele juntasse mais um pouco e voltasse para negociar...
Passou mais um tempinho e volta ele com vinte e uns quebrados.... ia mandar ele juntar mais dinheiro, mas não resisti.... lembrei da cena dele chorando ao lado do carro pelos ponta-pés que levou do adulto....da distância entre as nossas realidades....e completei o valor da bicicleta .... queria muito que ele fosse uma criança um pouco mais feliz aquele dia....
E essa foi apenas uma das muitas histórias que vivi naquela praça...
Beijos,
Cris
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