quinta-feira, 23 de junho de 2011

"No centro da cidade, num quadrilátero cercado por terminais de ônibus além da Av. Júlio de Castilhos, Chalé da Praça XV e a Prefeitura, está o Mercado Público, uma espécie de trincheira de autenticidade que resiste à transformação e decadência que fustiga o centro a décadas.

O mercado é uma fortificação, um enclave da arquitetura neoclássica desafiando o tecnológico, um verdadeiro portal para o passado teimando em ser autêntico num centro tão desfigurado.

Lá, muito mais do que um mercado, está um patrimônio afetivo da cidade, onde em um labirinto de cheiros é possível percorrer corredores encontrando o que não se procura, recebendo mais do que se trouxe. Viaje por dentro sem a pressa dos compromissos; saboreie seus detalhes e incorpore a complexidade de suas reentrâncias. Abandone-se aos corredores repletos de produtos vendidos à granel; vá onde seus olhos e nariz permitirem; conceda a seus sentidos a possibilidade de provar da rica confusão que permeia suas bancas. Vinhos, queijos, temperos variados, especiarias das mais simples às mais exóticas convivem com peixes, ervas e frutas. Além disso, no MP estão dois restaurantes, ambos pesando 100 anos, que são conceitos que sintetizam a amplitude da convivência democrática do Público: de um lado, está o Gambrinus com seus pratos à base de peixe, preparo e ambiente refinados, um lugar para convidar alguém de fora sem medo de errar; de outro, não sei bem onde, dizem até que é itnerante, está o Naval, um lugar herdeiro da mais fina tradição botequista, onde as escolhas, quando as há, são entre os pratos do dia - e convidar alguém só se for amigo mesmo. Bem, agora ganha uma Bomba Royal da Banca 40 quem souber qual deles era frequentado por Lupicínio Rodrigues. E não é só ao paladar que o Mercado oferece opções. Lá, você pode encontrar, também, feiras de gibis, vinil e outros subprodutos da arqueologia moderna, ou deparar-se com máquinas fotográficas do passado na feira de antiguidades - talvez até mesmo algumas delas já tenham voltado seus olhos para algum lugar que não esconda a idade nem tenha medo das marcas do tempo. Assim como o mercado".

Jaime R

segunda-feira, 16 de maio de 2011

SÃO FRANCISCO 2009


O jogo da emoção

O jogo de ontem, no Olímpico, decidiu o que quase sempre se decide na final do gauchão: quem entre Inter ou Grêmio ficaria com o título pela enésima vez - novidade seria ter um time do interior - ao menos como coadjuvante. Portanto, o título decido ontem pouca importância tinha, correndo o risco, ainda, o vencedor de ter sua vitória confundida com suficiência para disputar campeonatos maiores. No entanto, Grêmio e Inter combalidos por uma humilhante desclassificação na Libertadores voltaram-se ao regional como quem tenta se virar com o que sobrou na geladeira. O que aconteceu em campo é o que faz o futebol ser um dos esportes mais emocionantes: imprevisibilidade.

O Internacional, um time com nomes pretensamente superiores tecnicamente ao Grêmio exalou até o primeiro da série de três GreNais um toque de bola envolvente, porém capaz de fazer passar o tempo sem mover o placar. Já o Grêmio um time consciente das suas limitações levou a cabo a tarefa de fazer o possível sem ser o melhor. E conseguiu, saíu do segundo jogo, no Beira-Rio, como vencedor, podendo decidir em sua casa o campeonato, de quebra contra um adversário que de favorito passou a ser quase zebra, trazendo, ainda, para dentro do Olímpico a consagração de Junior Viçoza, novo homem-grenal, e a derrota pessoal de Renan, uma espécie de síntese das grandezas e fraquezas do ser-humano, alguém capaz de fazer defesas incríveis e tomar gols inacreditáveis; tudo no mesmo jogo. Bem, então, justificaria que fossem confecionadas as faixas de Campeão. E os primeiros 25 minutos do clássico fez confirmar isso. O Inter precisando atacar, desde o início foi sufocado por um Grêmio que parecia querer golear mais do que ganhar o jogo. Porém, como o dono da casa não aproveitou as oportunidades criadas parando nas intervenções competentes de Renan que começava, com boas defesas, a tornar seu nome uma marca do jogo, para logo mais, com a vitória quase assegurada, falhar novamente e quase pôr tudo a perder. Então, o que era no início era derrota transformou-se em uma vitória para logo após, mesmo ainda sendo vitória, não garantir a conquista do campeonato sem passar pelos penaltis. E novamente a felicidade gremista ressurgia no horizonte quase com uma certeza, pois os penaltis seria, sobretudo um duelo entre goleiros opondo Vitor - defendedor contumaz e Renan que já se transformara novamente em Vilão ao soltar uma bola e ceder a Borges, o atacante desafortunado, a oportunidade do gol que o reabilitaria e que empurrara a decisão para fora do tempo normal. E, bem, nos penaltis a alternância da vantagem fez novamente a voltagem ser elevada ao máximo para tornar esse o Grenal mais emocionantes dos últimos muitos anos sem ser necessariamente o mais importante. Isso tudo, é claro, deixando como um capítulo a parte o duelo entre Renato e Falcão dois dos maíores idolos das dupla voltando como treinadores às equipes em que foram eternizados como craques.

Tudo isso é apenas uma outra forma de dizer: é bom ser colorado.
Jaime Ribeiro

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Manual de Normas de Conduta para o Brechó:

1) O Brechó deve reservar os primeiros 15 ou 30 minutos de funcionamento para o público interno. (Interno não quer dizer internado, e sim indica as pessoas que trabalham no evento).
2) Sempre que houver diversos interessados em um mesmo produto a preferência para a compra se dará da seguinte maneira:
a) público interno. parágrafo único: sendo a disputa entre dois ou mais integrantes do público interno será realizado leilão relâmpago aberto aos demais participantes que deverão oferecer lances para esquentar a disputa;
b) clientes com filhos no colo que estejam chorando;
c) clientes idosos que mostrem-se muito chatos;
c) pessoas bem-intencionadas e que conversem demais não dando sinais de querer concluir a conversa e ou a compra tem prioridade máxima, inclusive aos constantes no item "a".
3) Verificando que o movimento encontra-se estagnado devem os organizadores misturar-se ao público simulando atitudes de compra, comentando sobre a boa qualidade dos produtos e o baixo preço, podendo, inclusive, fazer comparativos com outros supostos Brechós onde os preços seriam muito, mas muiiiito mais caros.
4) Terão as crianças índias da cercania direito a trocar os brinquedos comprados somente 17 vezes.
5) Em caso de não funcionamento do produto vendido o cliente terá direito a troca, bastando para isso a apresentação da nota fiscal
6) O Brechó é território autônomo, não incidindo, portanto, todos os artigos constantes no Código do Consumidor da República Federativa do Brasil, permanecendo válido somente o iten anterior.
7) Havendo litígio entre comprador e vendedor será nomeado um árbitro isento para resolver a questão. Em caso da decisão ser contrária aos interesses do evento será o árbitro advertido pelos demais integrantes e condenado a pagar o valor das compras do cliente.
8) Do uso do provador: ao vendedor caberá decidir se é indispensável o uso do mesmo pelo comprador levando em consideração que a compra poderá ser abortada caso ele perceba que a roupa fica mesmo ridícula ou que ele tem mais quilos do que o recomendado para o uso daquela peça.
9) Em caso de aparecer um novo cliente disposto a pagar mais por um produto já vendido fica o vendedor responsável por retomar o produto e repassá-lo pela melhor oferta.
10) Podem uns sobre os outros, principalmente esposas sobre esposos e ou análogos: tecer comentários sobre inadequação de peças de vestuário utilizadas para frequentar o Brechó e determinar sua imediata venda com os recursos revertidos para o evento.
É isso...
JR (Jaime Ribeiro - Advogado)

A História do Menino...

Quando chegamos um menininho me pediu dinheiro para ele comprar uma das bicicletas...

Comecei a descarregar o carro e a Márcia me falou que os guris que rondavam por lá já tinham roubado 2 tênis das sacolas....

Quando voltei para pegar mais coisas no carro, o menino continuava lá e disse que me ajudaria com as sacolas para eu dar algum dinheiro para ele comprar a tão sonhada bicicleta...

Porém, eu fiquei com medo do guri sair fugindo com elas... e disse que não precisaria e, quanto ao dinheiro, eu iria pensar...

Ainda no automático, retornando ao carro para buscar mais tralhas, meio atordoada com o frenesi dos compradores atacando os produtos e todos nós tentando separar e arrumar as coisas, vi o tal guri, ainda do lado do carro, em prantos... ele chorava e gritava dizendo que o cara tinha batido nele....

Daí que eu entendi, o cara (aquele que chegou primeiro e estava grudado nos eletrônicos) tinha batido em todos os guris que estavam por ali, pois ele escutou a Márcia dizer que eles tinham roubado os tênis.... Me deu uma dor no meu coração de ver a cena do menino chorando.... Um choque de realidades me paralisou e injetou em mim uma sensação de impotência perante a ?Lei da Rua?....

Depois desse episódio um dos tênis roubado apareceu e os pivetes, que realmente estavam ali para roubar, desapareceram...

Tomei meu posto entre os utensílios do lar e comecei as atividades...dali um pouco volta o menino... eu já estava pronta para dizer que não tinha nenhum dinheiro quando ele me mostra a mão cheia de trocados e me pergunta se aquilo dava para comprar a bicicleta....ele tinha apenas uns R$12,00 e a bicicleta custava R$30,00.... Percebi que o menininho era tão pequeno que, ainda, nem sabia contar.... disse a ele que deveria ter mais 2 vezes aquela quantidade, que ele juntasse mais um pouco e voltasse para negociar...

Passou mais um tempinho e volta ele com vinte e uns quebrados.... ia mandar ele juntar mais dinheiro, mas não resisti.... lembrei da cena dele chorando ao lado do carro pelos ponta-pés que levou do adulto....da distância entre as nossas realidades....e completei o valor da bicicleta .... queria muito que ele fosse uma criança um pouco mais feliz aquele dia....

E essa foi apenas uma das muitas histórias que vivi naquela praça...

Beijos,

Cris

CENAS DO BRECHÓ SOLIDÁRIO 2011


DIA:
7 DE MAIO

LOCAL:
Praça da Igreja
do Bairro Tristeza

Fotos: Jaime Ribeiro



TRENZINHO DA PÁSCOA

Olá, pessoal. Seguem algumas fotos do nosso programa de Páscoa - camping próximo ao Cânion Josafás.
Estava muito legal, apesar da chuva que testou nossa capacidade de multiplicar lonas plásticas - parecia um acampamento dos Sem Terra.
Na volta é que o bicho pegou: furou o pneu do carro do Roberto, além disso e tivemos que brincar de reboque com o do Renato que também se recusou a funcionar. Pusemos a imaginação para funcionar, pois a estrada era pior do que ruim. Para conseguirmos superar certos trechos usamos guincho ancorado em árvores e também, para superar a falta de aderência na estrada elameada fizemos um trenzinho: o carro do Roberto na frente, o meu no meio e o do Renato no fim. No final, foi divertido vencer todos os obstáculos e abocanhar um Xis em São Chico enquanto o Renato esperava o socorro do seguro.
Imagino que o Klaus, pela idade, das crianças é a que mais tenha curtido e tenha histórias para contar na escola.
O Renato está providenciando um vídeo para contar a aventura.
Nos vemos no Brechó.
Abraço
Jaime Ribeiro

2010